terça-feira, 19 de maio de 2009

LISBOA

Luis Silveira/Lisboa


É provável teres chorado ali, naquela casa
ou em todas, quando a neblina desceu.
Sei da lágrima atrás dessa vidraça
e sei do pranto, que bem pode ser o meu.

Magoa a luz mortiça, o quase breu
e o fado, que lacera e que devassa.
Ouvem-se os acordes, a voz já se perdeu.
Na rua ninguém mora, ninguém passa.

A minha alma é o desprovido luzeiro,
resistente à bruma e ao fumo do cigarro.
Pode ser pranto ou farol de marinheiro,

choro, brasa ou o cais onde amarro
a vida passageira o tempo inteiro,
sejas Alfama, Madragoa ou o meu bairro.

1 comentário:

  1. Aprecio as composições poéticas que obedecem a regras predefinidas, como é o caso dos sonetos.
    Sobretudo se dentro dessas regras cabe tanta emoção, tanto sentimento...

    Gostei muito!

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