sábado, 6 de janeiro de 2024

OS BEIJOS


Não sei que fazer aos beijos

que trago zelados no bolso:

alguns para dar em festejos

outros quero dá-los e não posso.

 

O beijo tem deve e haver;

ao dá-lo tem reciprocidade

e eu não os dou sem antes ver

o saldo na contabilidade.

 

De repente ficar sem beijos

dá-me aflição, nem pensar…

já não são beijos; são desejos

de querer e não ter para beijar.

 


 

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

ALGUMA BONOMIA


Além, daquela velha árvore

vou trazer um bom chamiço

para assar um chouriço

e agora chama-lhe lá parvo.

 

Atiçado o lume e a candeia acesa,

não tarda, às duas por três,

por mor de aquecer os pés,

não tenho quem mos aqueça.

 

Assim, o corpo fica temperado,

com um ou dois copos de vinho,

que o chouriço não morre sozinho

nem eu fico desidratado…


 

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

NA MORTE DO MENINO JESUS


Na noite de Natal vi o menino Jesus
ser assassinado na Palestina.
Não tenho dúvidas que era ele,
entre milhares de outros baleados,
sem nome e em nome de outra profecia.
O menino Jesus jazia nos braços de sua mãe,
já sem lágrimas para o chorar,
e ali estava ele. Branco e defunto.
Não vou chorar o menino Jesus
morto ao colo de sua mãe.
As minhas lágrimas nada iriam acrescentar
à dor daquela mãe, de todas as mães.
O menino Jesus foi assassinado na Palestina
na noite de Natal e são conhecidos os culpados
ou querem que acrescente os criminosos
ao presépio para memória futura?!