AS TARDES
Nunca as tomei a sério:
lambusado de poemas, apertava com força
e descuido o sexo das borboletas moribundas
e subia pelas cordas estendidas
na sombra às cerejeiras que suplicavam
o contacto das minhas pernas nuas
entrelaçadas na frescura seca
dos seus ramos meigos
descia
ainda
abraçado
ao tronco
farto meio sujo
com os lábios tingidos de vermelho
e dois cachos de poemas
pendurados nas orelhas.
("Corpo de Poema" - 1985)
Coisas da parte da tarde
ResponderEliminarHá tardes em que apetece ler ou escrever
Há outras em que as conversas são como as cerejas!
Numa tarde destas dizia-me a minha mãe:
-... já não há cerejas aos pares que dêem para fazer de brincos!
Brincava, com certeza :)
Mas eram outros tempos, esses.
Belo ,este poema!
Um Beijo, MJ