quinta-feira, 18 de junho de 2009

LARGO DE S. MARCOS



Não cristaliza o verso se não disser:
em s. marcos ganhei o meu primeiro par de asas
e a minha mãe trepou às nuvens
com os seus pulsos brancos de defunta

soube então pelos animais como se prende a vida
a um fio de água
a mesma água de alma verde do chafariz

ah meu alpendre de granito quanta pena tenho
de te ter ultrapassado já mil vezes
(a minha avó dizia: vai só até ali
para a estrada não)
minha sala de visitas
cadeirão dos mais amigos

anda vem comigo meu s. marcos
deixa de fingir encruzilhada
temos água apenas água de saudade
memória de água e musgo
e o mundo a começar ali à esquina:

a esperança volta pontualmente
com as primeiras chuvas

6 comentários:

  1. Bom, eu adoro vir aqui.
    É meu ponto de passagem todos os dias.
    Delicio-me com estas suas poesias tão singelas quanto belas.
    Abraço.

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  2. Morou lá o Zé Maria, que vi na pretérita sexta-feira. E era lá a taberna do Joaquim Carvalho, onde de juntaa o meu pessoal. Refiro-me ao pessoal da Mata, obviamente. E mais acima havia a tasca e a mecearia do ti Zé Paulo
    e rua acima até à Devesa, ainda havia os matraquilhos do Aníbal Barata.
    Uma fotografia e um poema e logo um tempo e um mundo a invadir-me a mente. Coisas da poesia, dirão alguns.

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  3. Meu caro João,
    Tardaste, mas arrecadaste. A porra do teu blogue é complicada para publicar um comentário.
    Engenharias do catano.

    Abraço

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  4. Água-sede na fonte da memória.
    A esperança voltará ainda, com as primeiras chuvas e se fara fonte-água para matar a sede aos poetas.

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  5. aprecio as passagens deste espaço em que entro de surpresa. a poesia sempre!...
    na expressão poética dos sentidos, as palavras passam a ser fios de ouro com que se fazem os poemas... e diga lá que não escreve poemas de ouro?!...
    obrigada por no-los "oferecer" assim...

    Um abraço

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  6. Voltei para corrigir:
    Onde se lê "fara" deve ler-se "fará".

    As minhas desculpas.

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