Era um rio,
um rio, que era todos os rios, de águas vivas
enfileiradas ao longo do caminho.
Às vezes um barco fazendo pela vida.
Nas margens, os salgueiros
inclinavam-se; faziam vénia e aproveitavam
para refrescar na água corrente os ramos mais afoitos.
O rio ia passando
tinha mais caminho, mais água à sua espera.
Algum tempo depois, nesse ou noutro dia,
o rio teria o fim anunciado, um mar imenso
onde não haveria mais falas sobre o rio
e aquela imensidão de água não contaria
senão para morrer dentro de si com o rio na barriga.