sábado, 21 de agosto de 2021

SOL E DO


Quando o sol arrefece,

a modos que entristece

em arrepiante glacê.

Apenas ri quando aquece

ou porque lhe apetece

sem saber bem porquê.

 

Um ror de tempo enroupado,

sei lá em que vergonhas,

não sei se dorme, se sonha,

se o céu o traz ocupado

ou fica envergonhado

por ter chegado atrasado

à partida das cegonhas.

 

Este sol habituado

ao palco diurno do fado,

que nem por um dia se acoite,

se bem que triste ou magoado,

e mesmo se estiver cansado

nunca saiba o que é a noite.