quarta-feira, 18 de agosto de 2021

PÁSSARO OCRE


Não era afinal de ouro

nem possuía riqueza,

e fosse embora tesouro

era-o por singela beleza.

 

Amarelo-torrado, canário,

tudo lhe ficava a matar;

profissional do canto, operário

de antes morrer que cantar.

 

Morreu ocre e mudo,

escravo do tudo ou nada,

sem liberdade e, contudo,

numa gaiola dourada.