domingo, 1 de agosto de 2021

O OFÍCIO DE POETA


O ofício de poeta tem que se lhe diga…

Matéria-prima em ruptura permanente

e, pior ainda, o que mais intriga

é que todo o verso se crê urgente.

 

O tecido é frágil, fino, quase puído,

junta palavras bailarinas numa dança

e que por fim se transforma em vestido,

todo enredado em si, como uma trança.

 

Não tem prova, se for a gosto, assentar bem,

e a sobranceira figura logo ali se retrate

com o aprumo mais exacto que ela tem,

o poeta não passa de um erudito alfaiate.