terça-feira, 3 de dezembro de 2019

INTERLÚDIO LUNAR (PRIMEIRA FASE)


Não assistirei à floração dos jardins da Lua,
que me importa, se apenas a quero olhar…
Basta-me pálida, de manhã cedo, se saio à rua
ou noite fora, nua, lambendo o sal do mar.

Como agora se esconde, depois reaparece,
num jogo permanente de sombras e de segredos.
Ora em carne viva, ora quando desaparece,
qual areia fina que escorre por entre os dedos.

E sem o desejar volto aos presumidos jardins
lunares com botões de rosas, buganvílias, lilases,
esculpidos como futuros magistrais gradins.
Tudo é sonho e, tal como as da Lua, são fases.