terça-feira, 31 de maio de 2016

A CHARCA

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Defronte da janela, que já foi ancoradouro
dos meus cotovelos e sonhos, despontavam juncos
e debruçavam-se, pesados, dois salgueiros chorões
na orla duma velha charca, sem préstimo algum,
onde eu teimava em ver minúsculos peixes,
que não passavam de girinos esfomeados
e com pressa de viver à tona
como eu, quando acudia à minha janela.
A charca, de água ludra foi, até às construções
que lhe caíram em cima, ao mesmo tempo,
o desdém  de toda a paisagem e a única fonte de vida do lugar.