domingo, 2 de junho de 2024

SOLIDÁRIO

 

Quis escrever um poema com rosas

e cheiro a alecrim

e quis dar-te as cores que assomam

no arco-íris

estava para elas, dava-te tudo e cheguei tarde.

Além do mais, gostava que ouvisses

o som dos sinos da minha aldeia

- apenas os sons, não o que eles clamam –

e queria ver-te dançar como dançam as crianças,

sorrir, como fazem as bailarinas,

era essa a minha intenção e cheguei tarde.

Tinha guardado um sol para te oferecer,

um sol de verdade: universal e luminoso,

como aqueles sóis dos desenhos de criança.

Fosse ou não apenas uma candeia de esperança,

era toda a luz do mundo que tinha para ti,

era futuro e vida e cheguei tarde.

Cheguei mesmo a pensar em batatas e arroz

para te enviar mas houve sempre gente

que achava um exagero a minha preocupação.

Hoje tenho apenas um abraço fraternal

e isso farei até que terminem os meus dias,

espero não chegar tarde, Palestina.