Uma nuvem veio hoje visitar-me.
De pequeno porte, tímida e já chovida.
Vinha por isso enxuta e acomodou-se a um canto
como um pedaço de algodão doce
perdido pela criançada.
Fugia das nuvens negras, da guerra,
com medo de ser confundida e trespassada
por uma qualquer bala assassina,
dessas que enchem o mundo de sangue
e de lágrimas e de valas comuns.
Estava claro que esta nuvem era uma refugiada
do céu, onde também se tornou perigoso viver.
Deixou cair uma lágrima, coisa sem importância,
e lamentou a sua condição de nuvem seca,
a quem o mundo extorquiu toda a água da sua vida.