segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

FERNANDO PESSOA


De todos serei um, não mais que isso,
e será moléstia a pretensão de o ser;
dois, vá que não vá. Para ser conciso
de quantos for serei quantos eu quiser.

Às vezes não caibo em mim, isso é verdade,
então detenho-me e fico preso sob suspeita,
não vá alguém acreditar em tal ubiquidade,
mas isso é modo de dizer, é frase feita.

Porém, se afinal não fui, não sou nenhum,
sendo quem sou, Pessoa de carne e osso,
de todos serei eu e apenas um,
assim me faço e dou, que mais não posso.