sábado, 25 de agosto de 2018

EXPECTATIVA E REALIDADE


Tinha de ser gigante
e imponente como um elefante,
de voz impante,
mesmo sem altifalante.
Tinha de ser importante
e aspecto deslumbrante
brilhasse como um diamante
e, não obstante,
pueril como um infante.
Tinha de ser sonante,
superiormente interessante,
puro, sem corante
nem conservante.
Em suma, elegante, cativante,
de olhar crepitante
e de simétrico semblante,
bom amigo e bom amante.

E afinal,
caí que nem um pardal,
saiu-me este animal,
híbrido, convencido, boçal,
um pãozinho sem sal,
todo ele convencional
armado em fulano de tal,
certificado, internacional,
sem passar de um marginal.
Vai já por via postal
ao seio original
aqui, que não leve a mal,
não fará mais arraial.
Enganei-me, o que é normal,
Ilusões, etc e tal…
Dói mas não é mortal.
Sobre o tema, ponto final.