segunda-feira, 28 de maio de 2018

EUGÉNIO DE ANDRADE

                                          Biblioteca Municipal Eugénio de Andrade, pintura Isabel Nunes


Inventor de gerânios e de espelhos,
pétalas, líquenes, juncos, alfazema.
E searas com os morangos mais vermelhos,
trepando às varandas do poema.

Às vezes, limos e ninfas sobre os joelhos
rumoravam como queixumes e fonemas:
uns eram versos de água, outros conselhos,
mágoas, gritos, lágrimas e penas.

Cultivaste as madressilvas na viagem,
mas do oiro, apenas sóis. Porém,
a música e o fogo foram bastantes.

E quando em ti houve versos exultantes,
(do garimpo perene por ocultos diamantes),
eram como se tivessem dentro a própria mãe.