terça-feira, 8 de março de 2016

NEGLIGÊNCIA


Na árvore havia sempre um fruto
mais vistoso e mais difícil de se lhe chegar,
lembro-me bem.
E também me lembro que comia
todos os frutos fáceis de alcançar e me sabiam
àquele que o meu olhar guloso mastigava.

Guardava diariamente o fruto mais apetecido…
Afinal, ele dava sabor a todos os outros
que me alimentavam e um dia, pensava,
haveria de abandonar tanta arrogância
e cair-me nos braços.
No dia em que finalmente caiu
estava amargo e velho como o meu desleixo.