quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

PRIMAVERA



A esta hora, de noite avançada, de rigoroso gelo,
de cruel inverno,
tudo serve ao orvalho para a sua gélida fogueira:
o vento vagabundo, a brancura da lua, as lágrimas
dos pássaros sem abrigo e, apesar disso,
pulsam já as veias e os pequenos corações
de todas as flores que hão-de acender a próxima primavera.
Na primavera, que já segue os passos das horas de sol,
nada desta luta é afinal relevante:
nem das flores moribundas dentro das raízes;
nem dos caules sacrificados, já a fazer pela vida.
Daquilo que a seu tempo saberemos
será dado sinal:
o mar de cor na terra finalmente libertada.