segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

ANDORINHAS


Em Janeiro, as andorinhas agitam já o céu gelado
das manhãs deste rigoroso inverno
num desassossego a preto e branco…
O alvoroço é grande. Gritam desalmadamente.
Além, para lá da raia, chamam-lhe golondrinas.
Esse nome é agradável, parece-me bem.
Elas pouco se importam
com os nomes que lhes chamam - é o que penso -
e continuam na mesma azáfama e com a igual algazarra.
Agora, é o tempo da construção dos ninhos. Nidificarão mais tarde.
Só depois haverá tempo para, digo assim,
os estômagos, que então hão-de ser insaciáveis.
Por enquanto, fazem voos rasantes
aos telhados e também aos charcos cristalinos,
como se o fim do dia não tardasse
ou morressem na próxima madrugada.
Fecho os olhos para iludir este frio cortante
e imito a sua pressa rumo à primavera.
Esta mudança de ares vai fazer-me bem.

5 comentários:

  1. Belo poema. Tão belo como as próprias andorinhas. Um abraço.

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  2. São lindas, nos seus vestidos de cerimónia e carregam nas asas a promessa de um tempo verde, em breve.

    Um beijo

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  3. Que o frio de neve te inspire e te lembre a quente primavera mais a sul.

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  4. Passear pela tua poesia é sempre um vôo prazeroso, João. Abraço!

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