quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

QUATRO HORAS


Batem as quatro lá fora.
Não para que eu saiba que são exactamente quatro horas,
mas para que recorde a torre que as apregoa
e o ror de horas que já lhe ouvi.
Às vezes parece pedir desculpa, mas o tempo não perdoa…
De facto, a velha torre permanece intacta na minha memória,
e tão rigorosa, sejam quais forem as horas anunciadas.
Contei-as. Sei que são quatro.
É-me contudo indiferente:
dentro de mim são todas as horas de todos os dias, de todos os anos.
Apesar disso, a torre permanece inalterável,
como se batesse todas as horas às quatro;
como se batesse sempre quatro horas dentro de mim.