sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

CONTRA O TEMPO


Montado na palavra certa
deslizo pela montanha a velocidade superior
- Superior? Quantas vezes superior! –
aos raios de sol que chispam nas ramagens das árvores
à minha passagem desenfreada.
Cruzo-me com tudo o que já não é nada
ou não parece nada ou é alguma coisa e sou eu que me precipito
para coisa alguma.
A meio caminho, já o pensamento é contraditório:
como travar esta geringonça
a tempo de não me estatelar no muro final,
porque estas correrias loucas costumam ter um muro no final.
Que palavra agora para travar, se todas elas são um carrossel
vertiginoso e sem contornos definidos?
A deriva vai a dois terços da aventura.
Desesperado, consigo, no último instante, um
fim.