O
tempo passa e vou com o vento…
de
manhã esfrego as mãos como quem reza:
é
um modo de permanecer atento
e
ajuda a ter, pelo menos, meia certeza.
Quando
a tarde cai e o dia escurece
é
hora de avaliar o bom e o seu contrário.
São
contradições de quem permanece
e
vai retirando folhas ao calendário.
Haveria
de ter sido um pássaro, ocre,
de
olhos bem abertos, como se encantado;
aquele
que por ser desenho não sofre,
em
vez de sofrer de tanto ter voado.
Querem
encontrar-me, saber quem sou?
O
silêncio basta, mapa não é preciso:
um
pássaro que sem querer voou,
algures
entre uma lágrima e um sorriso.