quinta-feira, 9 de abril de 2020

CAPITAL


Era o mercado, o agente
e de tudo tinha alvará,
faliu, já foi, já não dá
nem dará daqui p’ra a frente.

A economia, ora aí está!
O capital, naturalmente,
que adeje urgentemente:
faliu, já foi, já não dá.

O capital está doente,
mal de velho gagá:
faliu, já foi, já não dá,
sucumbiu, foi de repente.

Para o salvar, um chá,
papas de linhaça, urgente,
acudam que o paciente
faliu, já foi, já não dá.

A exploração permanente
deu-lhe esta coisa má:
faliu, já foi, já não dá,
já não há quem aguente.

Esperneia, quer para já
injecção, sangue quente,
em delírio de impotente,
faliu, já foi, já não dá.

Faliu, já foi, já não dá.