quarta-feira, 15 de abril de 2020

A BANCA


A banca, não produz, não cria:
à matéria prima apenas incorpora
alcavalas, juros de mora
que dá pelo nome de economia.

Mas coisa acabada, mercadoria,
nada: apenas a jeito do cliente,
uma mão atrás outra à frente
tudo em perfeita harmonia.

Gera lucros, é claro, se não falia,
mas esse valor acrescentado,
dinheiro singelo por dobrado
é embuçado e faz parte da fantasia.

O banco é um moderno agiota
de camisa branca, gravata, perfumado;
matreiro bastante para viver do Estado,
queixando-se da banca rota.

O mercado é a alma do banco,
no cofre forte ou em segredos tais,
ocultos em paraísos fiscais,
de onde só sai fumo branco.

E ao povo, que parte da banca lhe cabe?
Taxas, ordens de pagamento,
um inferno de contas sem provimento
mais as que paga e não sabe.