domingo, 14 de outubro de 2018

OUTONO


Repentinamente escureceu. Abastosa,
a chuva, caiu-me em cima dos ombros.
Chuva morna ainda, obesa, ociosa,
capaz de me deixar em escombros.

Que tempo é este – disse para mim –
a que vem tamanho aguaceiro?
Fez-se silêncio, negro, e por fim,
o Outono lançou-me um adeus matreiro.

Ah, és tu, indefinido tempo encoberto
- acenei-lhe, logo que o reconheci;
não esperava ver-te aqui por perto –
Sacudi-me e, virando-lhe a cara, segui.

Mas que é menos este que os demais?
Mal se chove, mal se é tempo quente…
Estas mudanças são, assim, normais,
“o povo é que nunca está contente”…