Chorei por mil tambores.
Todos me pareciam magníficos.
Com qualquer um faria marchar o
soldadinho de chumbo,
escondido algures, mas com
certeza dentro de mim.
Talvez tenha conseguido um ou
dois, talvez três.
Normalmente ofereciam-me
pandeiretas,
que eram mais baratas. Eu pensava
apenas que eram de menina
e por isso as rejeitava.
Se fosse mosca e presenciasse
aqueles despiques,
Saint-Exupéry acharia,
certamente, cativantes os meus apelos,
ao contrário do meu pai,
que não lhes encontrava muita
graça.
Mas os feirantes adoravam-me e
até me faziam festas,
mesmo que não me conhecessem de
parte alguma.
As feiras, mais do que as simples
festas,
tinham a minha preferência.
As festas aborreciam,
prolongavam-se demasiado
e tinham poucos motivos de interesse
para a criançada.
Por outro lado, as feiras,
para além do ar de festa que eu
lhes via nos balões,
nas luzes e cores e na gente
sempre em movimento,
tinham o encanto do regalo que eu
podia levar para casa,
continuando a divertir-me
e a atormentar os ouvidos de
todos,
até à próxima.