sábado, 3 de outubro de 2015

O RELÓGIO DO ANÚNCIO


Há algum tempo que os ponteiros do relógio
à minha frente marcam dez e dez – a hora do pinguim –
Não me interessa saber que horas são
mas o relógio insiste e seduz-me
com aquela hora nada séria.
Olho-o sem querer: todos os ponteiros pararam
para que os fixe com rigor. Isto é um embuste.
Ninguém pode fazer isto a um relógio
- que foi feito para não parar no tempo, ainda que assinale
apenas o presente; nunca o futuro ou o passado -
Muito menos a mim, que olho para ele por nada.
Passo a página deste anúncio.
Já estou aqui há imenso tempo parado como o relógio.
Não o vou comprar e perco o meu tempo.