quarta-feira, 1 de setembro de 2010

PRIMAVERA NA RAIA


Aqui, a matriz é de oiro intenso
e o vento descuida o passaporte.
Manda o sol. E, com um pouco de sorte,
é a este lugar que eu pertenço.

Por agora, é na raia beirã que penso,
na Campina impressiva e forte.
Além, espanhas, o horizonte, o corte
umbilical, nivelado e denso.

Deixo no trigo, já segado, o meu olhar
diluir-se entre a filigrana e os lilases.
Regresso à terra, faço as pazes

com este chão materno que me implora
o verbo e a alma sem demora
e me obriga, mais uma vez, a sonhar.

2 comentários:

  1. Diante de tão deslumbrantes imagens, me indago se a paisagem instituída é a exteriorização do poeta, ou o poeta a ela aderida.

    Abraço!

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  2. Olá João,
    Dos mais lindos poemas que já li aqui!

    Abraço dos Alpes

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