quarta-feira, 25 de março de 2009

ARTE POÉTICA







Escrevo o que escrevo. Não faço fretes:
poesia é remover a nata duma alsaciana;
comer-lhe, sôfrego, a cereja freudiana,
sem receio da malvada diabetes.

Mas julgará bem quem por si julga
(tal e qual: sem ponto de interrogação):
prefiro mil vezes a inquietação
à baldada morte por coice de pulga.

Há, naturalmente, a congénita inspiração
que brota, torrencial, qual esguicho,
a que o poeta induz a douta orientação,
mais ou menos assim: aí, oh… bicho!

Mais não consta, salvo um amargo gosto
de boca. Em parte, por este início ser o fim
de algo que quase não se conhece o rosto
e podia muito bem não acabar assim.

2 comentários:

  1. Aguardo novos posts...
    Um abraço amigo.
    Joaquim Cardoso Dias

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  2. e podia não acabar assim

    como o rosto fugidio do poema...

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