terça-feira, 6 de maio de 2025

EM UM DIA DE PESCA


O meu tempo – e ele é cada vez menos meu –

entrou em velocidade de cruzeiro.

Não para já nas estações; acelera como um louco,

como um comboio sem travões.

 

A poesia vai saindo por uma chaminé

ao sabor do vento, em sentido contrário.

O silêncio, feito de ponteiros de relógio,

não deixa vestígios, é o álibi perfeito.

 

Demasiadas memórias… são sinais – o tempo voa –

nem tanto como pássaros, esses vão e vêm,

mas como o sopro de uma aragem fria

que, por ironia, vai queimando as veias.

 

Agora, o anzol traz-me um peixe,

que não é culpado das minha demoras,

e eu o que faço ao desgraçado, sacudindo a morte?

- Vai! Volta às águas do resto da tua vida!