O meu tempo – e ele é cada vez menos meu –
entrou em velocidade de cruzeiro.
Não para já nas estações; acelera como um louco,
como um comboio sem travões.
A poesia vai saindo por uma chaminé
ao sabor do vento, em sentido contrário.
O silêncio, feito de ponteiros de relógio,
não deixa vestígios, é o álibi perfeito.
Demasiadas memórias… são sinais – o tempo voa –
nem tanto como pássaros, esses vão e vêm,
mas como o sopro de uma aragem fria
que, por ironia, vai queimando as veias.
Agora, o anzol traz-me um peixe,
que não é culpado das minha demoras,
e eu o que faço ao desgraçado, sacudindo a morte?
- Vai! Volta às águas do resto da tua vida!