quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

POEMA PARA HIERONYMUS BOSCH


Como hei-de dizer de ti como de mim disseste?

Sim, de mim, que sou gente por aqui ou belzebu

e pinto de igual o que é inferno e o que é celeste.

 

Aqui me tens em efémero deleite, um teu criado

jogando as peras mas sempre atento e, no fundo,

não passo dum joguete, dum projecto mal talhado,

a contas com esses tais possuidores do mundo.

 

Não lhes darei tréguas enquanto for eterno…

Serei talvez apóstolo da alegria, como foste tu

e que me sobre mundo, no céu ou no inferno.