quinta-feira, 24 de setembro de 2020

O MEU SANGUE

     
Ambrósio Ferreira

Palpam-me o braço. Teimosa a veia

teme o ferrão. Emerge depois rendida.

A ampola fica cheia

de escassos segundos de vida.

 

Umas vezes a veia é boa e a enfermeira

gaba-nos o braço

outras, por desalinho ou asneira,

o sangue sobe à cabeça e é um colapso.

 

Nada que não se resolva, nada que mate

este devasso,

inquieto como convém, sendo de um vate,

percorre todo o corpo, havendo espaço.