segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

A VIDA PELOS FÓSFOROS

Não tenho qualquer dúvida em afirmar,
que um fósforo ardendo teve origem
na mesma caixa onde repousam em paz
trinta e nove dos seus semelhantes em espera.

Eu vejo a labareda consumir o fósforo
e sei que há quem vá conferir na caixa
se são realmente trinta e nove os restantes,
caso os amorfos venham a ter utilidade.

A alheia atitude significa, a meu ver,
que depois de ter sido útil no deixa arder
da vida, depois da negritude que supõe o fim,
o que conta são os trinta e nove por usar.

E nesta esperança vivemos: que os pausados
trinta e nove fósforos iluminem o mundo.