sexta-feira, 4 de setembro de 2015

POESIA É COM UM PÊ


Foto de Nuno Milheiro

Com a leveza duma pena, Ramos Rosa
apagava o fogo posto para depois incendiar
as palavras mais além.
Herberto fazia de conta (de conta e risco)
que o mundo era uma enorme e inconclusiva queimada.
- Se ainda me conseguires entender, poesia,
é o pé de brasa em que ficámos.
A vantagem é que as cinzas podem ser um recomeço;
o problema é que a colheita se perdeu
e os ditongos não são de geração espontânea,
excepto os ais de dor e os ais de amor.