segunda-feira, 15 de junho de 2015

AS PAPOILAS DE NOVO


Que sei eu da papoila? Nada!
Sei que ninguém a semeia,
que se ergue de madrugada
e que a seara ponteia.

Por vezes choucha, adormece,
de mil noites, mal dormida,
quando ao relento anoitece
junto ao pão que lhe dá vida.

De manhã, mal o sol desponta,
ei-la que sorri,  levanta a cara:
vermelha e altiva, de novo pronta
para cerzir a seara.

Tem o sol por alimento,
por aninho,  trigo e  luar,
e de mim tem o atrevimento,
quando lhe deito o olhar.