quinta-feira, 19 de julho de 2012

DORES DO MUNDO


De que me queixo? Do mundo?
Que culpa tem essa esfera azul e magoada?
Mais de mil deuses poisaram
na velha nogueira do meu quintal.
A nogueira e o quintal já lá não estão.
Os mil deuses, esses, julgo que ainda dormem
no vazio do quintal e da velha nogueira,
como é seu costume;
baloiçam-se para se sentirem suspensos,
como é seu gosto;
zumbem na consciência dos homens,
como é seu ofício.
O lugar já só existe na minha memória – disso me queixo –
Se a ele me refiro ou penso
apenas a mim me compraz ou magoa
conforme as dores do mundo.