segunda-feira, 30 de maio de 2011

CARLOS PAREDES


Ah, sim, eu vivo dentro dessa guitarra
encantada, ainda como dócil embrião,
que segura as notas como amarras
e se solta nelas, vão elas para onde vão…


Cheira à minha rua, quebrada abaixo,
quebrada acima, com o meu arco de ferro;
a mão dum anjo protector – eu acho –
suprimindo os trilhos que não quero.


Adulto, porém, mais os acordes me aprazem
em tão delicioso e familiar solfejo,
como se o anjo, agora, me desse um beijo


e me dissesse, como os querubins fazem,
batendo as asas em jeito de vassalagem:
- como o prometido, cumpri o teu desejo…