sexta-feira, 18 de março de 2011

AS PAPOILAS


A noiva não mostra um arrumado bouquet
de espampanantes papoilas, mas de rosas.
Ainda que estas sejam só para quem vê
e a brava flor a chama íntima das fogosas.

Mas se mentir quiser a noiva prazenteira,
pode, sobre o ventre inchado, qual balão,
decorar-se de casto ramo de oliveira,
mas papoilas é que não, papoilas é que não!

Quando muito, estrelícias, verde rama ou goivos,
gerbérias, buganvílias, espigas férteis, loiras,
que dão realce às flores e dão aos noivos,
mas nunca a cor e a lascívia das papoilas.

Sou seu devoto, além do trigo nas searas,
quando rompem vermelhas ao sabor do vento,
cravos da mesma cor e outras menos raras,
mas isso é com outro fim; de outro casamento…

4 comentários:

  1. Pode levar um casto ramo de flor de laranjeira, mas de papoilas não.
    Gosto deste poema rico de cor e outas sugestões.

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  2. Mais um lindo poema João!!
    Adorei, lindo lindo... Beijo


    "Os contrastes da vossa terra
    são mistérios desenhados
    nos trigais talhados em ouro
    nas papoilas bordadas nos campos"...
    Rosana

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  3. João, já sabiamos que o "teu coração era vermelhão", mas o teu poema vermelho comporta todas as cores e é muito belo.
    Dois abraços Ana e Joaquim

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  4. Vai-se a ver e descobre-se que, também entre as flores, há classes sociais.

    Papoilas são "gritos vermelhos"

    Um beijo

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