quarta-feira, 14 de outubro de 2009

REMISSÃO


Agora vejo o rubor do teu rosto,
a aurora boreal do teu olhar.
Vejo açucenas e fogo posto
queimando-me dentro e devagar.

E uma centelha de luz e flama
fulmina-me. Fico cinza e nada,
fumos, pó, restos de chama;
um chão estéril após a trovoada.

Ainda assim sou lisonjeiro,
como pé de água sobre brasas:
detono as veias e, prazenteiro,
troco as minhas armas por asas.

9 comentários:

  1. Parabéns. Lindo. Do melhor que tenho lido nos últimos tempos, tem qualquer coisa dos poemas antigos, daqueles que já não se fazem... gostei muito.

    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  2. Então voa, meu amigo... Que voar é bom. :)

    Bonito demais. Beijo.

    ResponderEliminar
  3. (Troco-me de armas por asas......)
    Bonita imagem que nos deixa sonhar e também voar
    Obras de mestre que tem uma pena na mão e papel para voar.

    ResponderEliminar
  4. Oh! Que bonito!...

    Muito melódico,com um travo suave de fragilidade.

    "...um chão estéril após a trovoada."
    Isso é que não!

    Voar? Pois... Voar!

    Um beijo

    ResponderEliminar
  5. Sabes quem pediu as pombas a Picasso? Presumo saber que foi o poeta Louis Aragon.

    ResponderEliminar
  6. Pomba de Picasso sugerida por Louis Aragon.

    ResponderEliminar
  7. Gostei da fantasia poética.
    Abraço.

    Tere

    ResponderEliminar
  8. ...perceber-se com asas,
    é um grito de liberdade!

    todo poeta deixa-se voar em
    sensibilidade.

    aqui não seria diferente!

    beijo!

    ResponderEliminar