domingo, 26 de maio de 2024

POEMA DO NADA



Prefiro o sono que não vem

quando é mais preciso, por cansaço;

não pelo fastio, no cúmulo, que é desdém,

e esse é favor que não quero e que não faço.

 

Espero por palavras desocupadas,

das que não se oferecem, ninguém dá por elas,

depois fazemos uma roda de mãos dadas

imitando uma constelação de estrelas.

 

Quando o sol, mais que perfeito,

aloira os campos ainda adormecidos,

chegam as palavras novas ao seu jeito

já com destinos traçados e limpas de resíduos.

 

É a hora do poema, da palavra átona, preguiçosa,

pouco mais que simples heresia.

E é a isso, a essa pérola preciosa,

que por hábito lhe chamamos poesia.