Prefiro o sono que não vem
quando é mais preciso, por cansaço;
não pelo fastio, no cúmulo, que é desdém,
e esse é favor que não quero e que não faço.
Espero por palavras desocupadas,
das que não se oferecem, ninguém dá por elas,
depois fazemos uma roda de mãos dadas
imitando uma constelação de estrelas.
Quando o sol, mais que perfeito,
aloira os campos ainda adormecidos,
chegam as palavras novas ao seu jeito
já com destinos traçados e limpas de resíduos.
É a hora do poema, da palavra átona, preguiçosa,
pouco mais que simples heresia.
E é a isso, a essa pérola preciosa,
que por hábito lhe chamamos poesia.