sexta-feira, 19 de julho de 2019

NATUREZA MORTA


Há dias que nascem velhos, até para as flores.
Cinzentos como pedras em lençóis de bruma,
roubam ao sol a claridade e as cores
e tudo morre, tudo fica sem graça nenhuma.

Ando aqui às voltas com umas pétalas de rosa,
que ontem encontrei perdidas no chão…
Já não têm vida nem o seu cor-de-rosa,
mesmo assim, abandoná-las parte-me o coração.

Envelheceram; perderam além da vida, a mãe,
que o foi a tempo inteiro e lhes deu todo o perfume.
Agora jazem na minha mão como se eu fosse também
seu igual na sorte, ardendo no mesmo lume.