sexta-feira, 13 de julho de 2018

SEI DE UM BARCO


Sei de um bote, um barco ou um navio
repleto de soldados e marinheiros,
e de outros, que por destino ou extravio,
não foram muito além dos areeiros.

Sei de uma jangada de vela panda,
que os ventos enchem de areia e sal,
aparentando navegar, mas já não anda
e se dá pelo nome de Portugal.

Foi um pássaro que me disse, inquieto,
que a estibordo mete água, afunda
sem remédio, como bóia moribunda,

sem se saber já se foi mal do arquitecto
ou se de outros infortúnios foi objecto
para tal sina e desgraça tão profunda.