sábado, 23 de agosto de 2014

NO MEU JARDIM


No jardim que em meu corpo vou regando,
as flores quase nem dão por mim:
umas que em vez de regar estou chorando
e as outras estão ocultas no jardim.

Os pássaros tagarelam, dão ao bico
empoleirados em ramagens  de livre escolha;
ao entardecer debandam e só eu fico,
 e fecho os olhos como estaca que não dá folha.

Conto com o dia e o sol amanhã cedo,
alvo, de véus doirados e vestes a rigor,
que há-de  iluminar os canteiros e o arvoredo
e beijar-me pétala a pétala cada flor.