domingo, 26 de dezembro de 2010

LISBOA II



Silveira, Lisboa, Alcântara
Técnica mista sobre tela 40 x 120 cm



Em cada esquina, os andarilhos da cidade,
quase furtivos, emergem deslumbrados
em busca pelas ruas eternais e sem idade,
do tempo que lhes rareia e doutros fados.

A luz é o ocre sujo e consumido da caliça,
na parede que cerca o bairro por inteiro.
O sol foi deserdado, não entra aqui na liça;
cedeu lugar à lua, que a sombra está primeiro.

O céu é como o chão, a mesma irmandade
na cor e na alma feita de pedaços,
como em magotes, os andarilhos da cidade,

sulcam vielas, velhos becos, passo a passo,
a um só golpe o céu, a terra e a vontade
genuína de ter vida e cor no mesmo espaço.

1 comentário:

  1. Um poema de dor e sentimento de partilha.
    São tantas as ruas estreitas onde o sol não brilha nem aquece aqueles que o fado abandonou.
    Restam as caliças dos prédios abandonados onde dormem os cartões e as sopas trazidas no frio das madrugadas.
    Um abraço João por este acordar de consciências entorpecidas.

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