segunda-feira, 8 de novembro de 2010

CABALA


Dei contigo
metro e setenta e dois
de cera e manipanso

tal como se em ti
a guerra tivesse deixado
o frio do corpo as cicatrizes
e o cheiro sempre morno
de capela mortuária

dei contigo
quase açafate de rendas agonia e mofo
metro e setenta e dois
tenso
pálido
puerperal
promessa de cera e devoção

dei contigo
medida tão ideal
para não saber se realmente vives
se a morte valeu
tanta imaginação

2 comentários:

  1. Entre o bem e o mal
    A vida e a morte

    Ou, em vida, a vida que não se vive
    Talvez negação da morte - Arvore da vida?

    Interrogações que me deixas ao ler-te
    Mozart tocando em fundo

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  2. Li-os todos e gostei. De resto, gosto quase sempre do que escreves.
    Abraço apertado.
    Manuel Barata

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