Tenho pena dos versos que encontro, perdidos
na memória dos arrabaldes despovoados
e do cheiro a mofo e a caliça, que persiste,
que resiste ao tempo e à voragem das casas.
É estranho que não se tenham dissolvido
na chuva dos invernos passados; rasgado,
como as folhas caducas das árvores no Outono;
desbotado ao sol, como a roupa estendida nas janelas.
Comovo-me ao vê-los dispersos e sem sentido,
mas quase todos me acenam e dão a salvação…
Já não os sei de cor nem reconheço pelas rimas.
Afinal, não estão perdidos: eu é que tenho envelhecido.