sábado, 23 de abril de 2022

ABRIL DESCONCERTANTE

 


Estão aí?

Queria dizer-vos uns versos sobre Abril.

Posso?

Serão ainda capazes de ouvir até ao fim?

São demasiadas perguntas, bem sei,

mas é só porque estou a evitar ser maçador,

complicar o que é simples

e sobretudo sem ofender pessoas de bem.

Além do mais há coisas que não se devem dizer,

não é? Entre quatro paredes, vá que não vá,

mas publicamente convém que nos autocensuremos.

Só para não criar mal entendidos, claro.

Os versos que vos queria dizer

também não têm aquela importância de maior.

Feitas as contas, calaram o que outros por vós fizeram

e por cá sempre me disseram que coisa mal ganhada

água a deu; água a levou.

Os versos que vos queria dizer sobre Abril

são assim muito simples: façam outro, se forem capazes;

este está cheio de erva daninha e cravos poucos restam.

Além do mais, o que é de Abril não floresce em Novembro,

como vos contam aqueles de pesados saberes.

Abril é o futuro com um cravo vermelho na mão, ouviram?

Isto não é uma novidade; é apenas para lembrar,

não vá morrer-vos na memória o que definha nas palavras.