Quis escrever um poema com rosas
e cheiro a alecrim
e quis dar-te as cores que assomam
no arco-íris
estava para elas, dava-te tudo e cheguei tarde.
Além do mais, gostava que ouvisses
o som dos sinos da minha aldeia
- apenas os sons, não o que eles clamam –
e queria ver-te dançar como dançam as crianças,
sorrir, como fazem as bailarinas,
era essa a minha intenção e cheguei tarde.
Tinha guardado um sol para te oferecer,
um sol de verdade: universal e luminoso,
como aqueles sóis dos desenhos de criança.
Fosse ou não apenas uma candeia de esperança,
era toda a luz do mundo que tinha para ti,
era futuro e vida e cheguei tarde.
Cheguei mesmo a pensar em batatas e arroz
para te enviar mas houve sempre gente
que achava um exagero a minha preocupação.
Hoje tenho apenas um abraço fraternal
e isso farei até que terminem os meus dias,
espero não chegar tarde, Palestina.