Ainda
bem que estão aí.
Nada.
Não é por nada. É somente por saber
que
ainda estão aí.
Até
agora, as guerras acabavam por satisfazer
uma
das partes em confronto
e
pela primeira vez assistimos a um conflito
em
que todos se acham vencedores,
apesar
de continuar a haver exploradores e explorados
por
mais algum tempo.
Não
foi exactamente uma viagem em comum
o
que fizemos no mesmo barco.
É
um pouco assustador, não acham?
Veremos
se acontece o mesmo com o espólio…
Ou
talvez eu seja demasiado pessimista,
poeta,
quase sempre.
É
provável que uma qualquer tristeza súbita
não
me deixe ver a realidade que oiço,
que
realça as mazelas e as baixas
e
as dores da alma que isso traz consigo.
Mas
ainda bem que estão aí.
Vi
muito jogo sujo;
os
que serão sempre coveiros
e
os que ostentam aureola de santo
e
são coveiros também.
-
A sociedade cria estes elementos
para
que os outros cidadãos
se
achem merecedores de elogio –
e
voltaremos a sujar as mãos porque é hábito nosso,
porque
a qualidade que nos distingue
é
também o nosso principal defeito:
(custa-me
dizê-lo neste momento, isso é incontornável)
somos
humanos e assim continuaremos.
Ainda
bem que estão aí.