Sou
o piloto das minhas salgadas lágrimas
com
experiência em muitas horas de voo…
Na
verdade, sou um pacífico camicase,
que
com elas me despenho e mortifico.
Se
houvesse um deus visível, a quem
pudesse,
cara a cara, contar como me violenta
este
suicídio líquido, haveria de o comover
e
por certo convencer da sua imperfeição.
Ressentido,
logo me falaria das unções,
que
os deuses guardam como mezinhas,
para
me secar o pranto. Mas é escusado:
nenhum
deus dá a cara por uma gota de água.
Tudo
junto – deuses e lágrimas – é-me igual:
não
os convenço a eles da imperfeição original,
nem
eles a mim de milagrosa cura,
se
for cura secar de vez, sem uma lágrima de sede.