É sobre paus, sobre pedras que fosse
a cama onde me deito e sonho e durmo
e volto a sonhar acordado. Onde não há meio-dia,
senão o dia inteiro e algum peixe.
O desconforto das águas é a minha vida!
Chapinho com os pés, que balançam na estacada
e murmuro uma canção aprendida em criança,
o céu tem o encanto mas não o pão de cada dia.
Range a palafita, como os meus ossos,
como tudo à minha volta, excepto o sonho,
que balança sobre a ondulação constante,
vai e vem, vai e vem, e me conta os seus segredos.
Aqui morre tudo o que é brando e o que afaga,
não se extrema a vida porque decorre igual todos os dias,
nem se condensa em palavras prontas a servir:
aqui baloiçam as ondas enquanto a vida dorme.